Brasileiros no exterior e a saudade: a jornada emocional e a terapia
- isabellafariapsi
- 27 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de jun.

Morar fora do Brasil é uma experiência que transforma — mas nem sempre da maneira que imaginamos. A princípio, tudo parece novo e excitante: a cultura diferente, as oportunidades, a sensação de estar construindo uma vida cheia de possibilidades. Mas, com o tempo, algo começa a pesar. Não é só a falta do pão de queijo ou do abraço. É algo mais profundo, uma sensação de que um pedaço de você ficou para trás, e agora você precisa aprender a viver dividido entre dois mundos.
A saudade do imigrante não é como a saudade comum. Ela vem acompanhada de um luto silencioso — pela língua que já não se ouve todos os dias, pelos cheiros que não estão mais presentes, pelos pequenos rituais que davam sentido à rotina. E o pior é que muitas vezes essa dor é minimizada. Afinal, "você está vivendo o sonho", "tem uma vida melhor", "deveria estar feliz". Essas frases, ditas com a melhor das intenções, só aumentam a culpa. Como se sentir triste fosse um sinal de ingratidão.
A Solidão que Ninguém Conta
Um dos maiores desafios não é a distância geográfica, mas a emocional. Você pode estar cercado de pessoas no novo país e ainda assim se sentir profundamente só. Porque falta aquela conexão que vai além das palavras — aquele entendimento implícito que só quem compartilha sua cultura consegue ter. Pode ser difícil explicar para um local por que um simples cheiro de café coado ou o som de um samba no fundo trazem tanto conforto (ou tanta dor).
E então vem a cobrança interna: "Por que eu não consigo me adaptar de vez?" "Por que ainda sinto falta se já faz tanto tempo?" A verdade é que adaptação não significa apagar quem você era antes. Integrar-se a um novo país não precisa ser um processo de substituição, mas de expansão. Você não precisa deixar de ser brasileiro para se tornar um cidadão do mundo.
Os Conflitos que Surgem no Caminho
Muitos brasileiros no exterior também lidam com:
- Crises de identidade: "Não me sinto totalmente brasileiro, mas também não pertenço aqui."
- Culpa por estar longe da família: "Meus pais estão envelhecendo, e eu não estou lá."
- Dificuldade em criar raízes: "Não sei se quero ficar para sempre, mas também não quero voltar."
- Frustração com estereótipos: "As pessoas aqui só veem o Brasil como Carnaval e violência."
Esses conflitos são naturais, mas quando viram um peso constante, podem levar a ansiedade, depressão e até mesmo a problemas físicos, como insônia e cansaço crônico.
Como a Terapia Ajuda a Reconectar os Pontos
A terapia oferece um espaço seguro para nomear essas dores sem julgamento. Aqui, você pode:
1. Validar sua experiência — sim, saudade dói, e não, você não é fraco por sentir isso.
2. Entender o luto cultural — porque é normal sentir falta de coisas que os outros consideram "pequenas".
3. Criar estratégias para se reconectar — seja mantendo tradições brasileiras em casa, seja encontrando formas de integrar o novo e o velho.
4. Trabalhar a culpa e as expectativas — você tem o direito de construir sua vida onde quiser, sem carregar o peso de dever nada a ninguém.
Você Não Precisa Fazer Isso Sozinho
Se hoje você sente que está navegando entre duas realidades sem nunca pertencer totalmente a nenhuma, saiba que há um caminho. A terapia pode ser a bússola que ajuda a encontrar um novo sentido de lar — um que honre suas raízes sem limitar seu futuro.
Você merece viver essa experiência com mais leveza. E a primeira sessão pode ser o começo dessa jornada.